Este documento é parte do nosso Acervo Histórico

Noticiário Lowndes – Nº 16

1 de dezembro de 1947
É fundamental destacar que as informações contidas em nosso arquivo histórico são uma expressão do contexto da época em que foram produzidas. Elas não necessariamente refletem as opiniões ou valores atuais da nossa empresa. À medida que progredimos e nos ajustamos às mudanças em nosso entorno, nossas visões e princípios também podem evoluir.

Edifício “Seguradoras”

Maquete do grandioso edifício a ser construído pela “Imobiliária Seguradoras Reunidas S. A.

Ao fundar o i.R.B, o engenheiro João Carlos Vital incluiu em seu programa a criação de uma empresa da qual fizesse parte aquele órgão de economia mista e todas as Companhias de Seguros operando no Brasil – a cujo cargo ficassem a instalação e a manutenção de todos os serviços auxiliares de interesse geral do seguro, como sejam: guarda, beneficiamento e venda de salvados, fabricação e aprovação de tipos de extintores de incêndio, registro, classificação e salvamento de navios; oficina de consertos de automóveis, etc.

Vieram ao encontro desse programa os seguradores quando, aprovando sugestão do Dr. Álvaro Pereira em assembleia geral do Sindicato das Empresas de Seguros Privados e Capitalização do Rio de Janeiro, propuseram ao i.R.B. a aplicação de uma parte das reservas de risco de guerra que, por disposição das Normas para Cessões e Retrocessões de Guerra, eram administradas por aquele Instituto na construção de um edifício em que se instalasse condignamente aquele Sindicato e cuja renda serviria de base à futura instalação dos serviços auxiliares acima referidos.

Foi assim criada a Imobiliária Seguradoras Reunidas S.A., cuja primeira diretoria, num ato de justiça que muito a dignificou, deliberou entregar a realização do Palácio do Seguro ao seu idealizador, o engenheiro João Carlos Vital, que encarregou os arquitetos Marcelo, Milton e Maurício Roberto do respectivo projeto.

Já estando sendo ultimados os preparativos para o início da construção, no terreno sito à esquina das ruas Evaristo da Veiga e Senador Dantas, julgamos oportuno publicar neste Noticiário uma fotografia da maquete do Edifício “Seguradoras” que contará com 19 pavimentos além de 2 subsolos, 6 elevadores automáticos de alta velocidade, instalação de água gelada e ar condicionado.

No 20º subsolo, a 8 metros de profundidade, está prevista a instalação de pequenas oficinas de impressão, encadernação, reparação, etc. para o Sindicato das Empresas de Seguros Privados e Capitalização do Rio de Janeiro e as sociedades seguradoras que não disponham de tais serviços.

O 10º subsolo, o térreo, a sobreloja e o 1º pavimento estão reservados para lojas, servidas por 2 elevadores especiais.

No penúltimo pavimento será instalado o Sindicato das Empresas de Seguros Privados e Capitalização do Rio de Janeiro e no último, um moderno Clube para os Seguradores. á estando sendo ultimados os preparativos para o início da construção, no terreno sito à esquina das ruas Evaristo da Veiga e Senador Dantas, julgamos oportuno publicar neste Noticiário uma fotografia da maquete do Edifício “Seguradoras” que contará com 19 pavimentos além de 2 subsolos, 6 elevadores automáticos de alta velocidade, instalação de água gelada e ar condicionado.

No 20º subsolo, a 8 metros de profundidade, está prevista a instalação de pequenas oficinas de impressão, encadernação, reparação, etc., para o Sindicato das Empresas de Seguros Privados e Capitalização do Rio de Janeiro e as sociedades seguradoras que não disponham de tais serviços.

O 10º subsolo, o térreo, a sobreloja e o 1º pavimento estão reservados para lojas, servidas por 2 elevadores especiais.

No penúltimo pavimento será instalado o Sindicato das Empresas de Seguros Privados e Capitalização do Rio de Janeiro e no último, um moderno Clube para os Seguradores.


MATÉRIA

O “PB-3” Regressa À Base

Antônio Gil
(Para o “Noticiário Lowndes”)

CONTO DE NATAL
(Ao Roberto d’Avila)

“PB-3” estava tentando regressar à base. Alguns tiros haviam atingido o aparelho ao fotografar uma posição inimiga. As coisas a bordo não iam nada bem. Um estilhaço havia rebentado o painel dos instrumentos e inutilizado o rádio; outro havia ferido o piloto no ombro. O ferimento não era grave. Ele podia movimentar o braço, embora sentisse alguma dor. Mas o sangue manava sem parar e se não fosse pensado em estancar a hemorragia, poderia ser fatal…

O “PB-3” havia cumprido a missão para a qual fora destacado. Aquilo, afinal de contas, já era rotina. Há quanto tempo ele a fazia… Voar solitariamente sobre as linhas alemãs, vigiar o movimento de suas tropas, descobrir as posições da artilharia, era algo a que ele já estava tão habituado, que não lhe proporcionava mais sensação. Costumava sair de madrugada, para aproveitar o lusco-fusco e ter mais chances de passar despercebido. Mas desta vez estava realizando um voo extra, ao cair da tarde, uma tarde de céu carregado e nuvens baixas. Algo de anormal fora assinalado no campo inimigo. Era preciso vigiar seus movimentos e prever suas intenções. 

Quando o céu estava limpo de nuvens e a atmosfera transparente, que espetáculos maravilhosos não se descortinavam… Bem que ele ouvira falar das belezas do céu da Itália! Toda uma fina sensação de euforia o dominava nessas ocasiões. Chegava a esquecer que estava num país em guerra; que ele próprio era parte integrante dessa maquinaria complexa e funesta em que o homem pusera toda a sua inteligência a serviço da destruição e da morte. Nesses momentos, sentia-se como um deus – um deus alado percorrendo os seus domínios com orgulho, aspirando os eflúvios da natureza, toda uma cor, numa harmonia delicada de tonalidades. E então, toda a tensão de seu espírito de piloto militar em missão de guerra se desvanecia numa expansão poética. Era jovem; e era de uma raça em cuja alma o lirismo reside paredes meias com o arrojo e a aventura. Mas o devaneio pouco demorava. Lá embaixo escondia-se o inimigo, que era preciso vigiar, e atrás de si deixava seus irmãos de armas, que era mister prevenir e proteger.

Naquela tarde o céu estava densamente nublado. Tudo era cinza ao seu redor e mais cinza se fazia à medida que a noite se aproximava. Voou direto às linhas inimigas, protegido pelas nuvens. Tudo parecia quieto e tristonho, como a tarde que morria, esvaindo-se em tons roxo-cinzentos. Foi então que divisou um movimento suspeito naquela estrada, lá no fundo do vale. Deslizando por entre camadas de nuvens, o “PB-3” aproximou-se do objetivo. Para observar melhor, baixou, traspassando um enorme “cúmulo” que lhe dificultava a visão. O inimigo movimentava-se, de fato, e estava em grupo. Não tardou em ouvir o estouro das granadas ao seu redor. Tentavam abatê-lo ou afastá-lo dali.

Desceu ainda mais. Observou tudo que lhe era possível. Subitamente, o avião foi sacudido: os estilhaços de uma granada haviam-no atingido. Ele próprio sentira um choque no ombro e depois uma dor aguda e algo quente correndo-lhe pelo braço. Viu, porém, o suficiente para um bom relatório. Ao seu redor, prosseguia o pandemônio das explosões. Continuar ali seria uma loucura completa. O aparelho fora atingido nos comandos e o ferimento que recebera podia imobilizar-lhe o braço. Já sentia mesmo uma certa dormência… Além disso, a missão estava cumprida. A noite aproximava-se. O essencial agora era voltar à base.

Um espesso véu cinzento cobria todo o vale. Só para o lado do poente, o céu mostrava uma orla tênue de luz ouro-violeta, marcando a trilha deixada pelo sol em declínio. Já não se ouvia o fogo do inimigo. O “PB-3” varava a treva com a segurança do nauta senhor da sua rota. Ele conhecia quase por instinto a estrada aérea que o levava à base. Os instrumentos de orientação estavam inutilizados, é verdade. Mas tinha gasolina de sobra e sabia bem o caminho. O diabo é que o céu enegrecia cada vez mais. A fimbria de luz violeta do poente sumia-se com alarmante rapidez… Ou seria a sua vista que embaciara?… A dormência do braço parecia agora transformar-se em câimbra. O sangue já lhe chegava à mão e um torpor, uma lassitude irresistível invadia-lhe todo o organismo.

Por quanto tempo voou naquele estado de semiconsciência jamais saberia dizer. As forças do instinto é que o mantinham agarrado aos comandos. Seu espírito estava longe. Devaneava… Tinha uma visão.

Ele não estava na frente italiana. Voava sim, mas nos céus brasileiros, cheios do claro sol tropical. A atmosfera, transparente, deixava penetrar a vista até ao infinito. A luz inundava a terra, dourando de fulgor os verdes abundantes e fartos da vegetação. Voava em direção ao Rio. Era um dos seus primeiros voos depois que completara o curso. Ao longe adivinhava já os cabeços dos morros que pontilhavam a cidade. E lá estava a mamãe, que há muitos meses não via. Como se orgulhara quando o viu pela primeira vez com o galão de tenente!… E com que abnegação tentara disfarçar a angústia e as lágrimas no dia em que partiu para a guerra… Boa mamãe; querida mamãe, que lutara sozinha para completar a sua educação, depois que papai morrera. Ah! mas agora ia abraçá-la. Ela ia ficar sossegada. Não tardaria a chegar ao Rio: já avistava o Corcovado… 

Um movimento brusco sacudiu a máquina aérea. O avião embicava para o solo de maneira assustadora. O piloto do “PB-3” foi atirado para a frente. Uma dor mais forte penetrou-lhe todo o ombro ferido, fazendo-o voltar a si. A triste realidade faz-se presente ao seu espírito conturbado. Seus olhos, dilatados pela angústia, tentam varar a fúnebre cortina de nuvens que cerrava os horizontes. Que sonho idiota que tivera! Voando para o Rio em dia de sol… Jamais tornaria a ver sua terra natal. Pobre mãe!… Não tardaria em despedaçar-se contra uma colina a meio daquela maldita escuridão. Por onde estaria voando? Quanto tempo voara naquele estado inconsciente?

Agora lembrava-se, estava na véspera de Natal. Aquela hora, na sua terra, no seu querido Brasil. Por todo o orbe de Cristo, em todos os lares, se preparava a mesa para a ceia da família, em louvor desse meigo Messias, que um dia baixara para pregar a paz entre os homens de boa vontade. Uma sensação de fraqueza e sonolência, como que um sútil delíquio, voltava a invadir o piloto do “PB-3”. Era decerto a perda de sangue, que não parava de pingar. Que haveria com seu braço esquerdo? Já nem o sentia… Meigo Rabi da Galileia! Como fora em vão seu generoso sacrifício… Dois mil anos eram passados e os homens ali estavam de novo chacinando-se, surdos aos ensinamentos de sua doutrina de amor e de tolerância. Que burla atroz! Tudo aquilo não passava de uma lenda, uma piedosa lenda para adormecer crianças. Mas como era linda!… Lembrava-se agora de quando a mamãe lhe cortara: o menino nascendo entre as palhas de um curral… os reis magos guiados por uma estrela… Mas onde estava ele? Essa horrível sonolência que o não largava… Estrelas? Onde estavam elas agora?… Olhava em redor. Tudo era espessa escuridão naquele céu inescrutável. 

Mas Jesus crescia: fazia-se homem. Pregava o novo credo. Multidões acompanhavam-no rendidas à doçura do seu verbo. Fazia milagres e fazia prosélitos, e acabava morrendo na cruz, sereno e perdoando os algozes… Era véspera de Natal. Afinal, seus ensinamentos não estavam esquecidos de todo. Na terra, revolvida de ódios e de egoísmos, seu nome ainda era uma esperança e um consolo. Por toda parte se festejava o Natal; em toda parte recebia orações e tinha imagens, e na hora do sofrimento era para ele que os homens se voltavam, implorando o refrigério da sua misericórdia. Ah! agora podia vê-lo!… O céu clareava. Lá estava ele, com um gesto acolhedor de piedade pela loucura dos homens, braços abertos sobre a boa terra carioca. Já podia enxergar a rota. O Rio estava perto. Ainda chegaria a tempo para a ceia de Natal.

Uma leve aragem dispersará as nuvens do lado do poente, abrindo uma nesga de céu límpido no escuro panorama que barrava o horizonte. Frouxos raios do sol, em preguiçoso aceno, lançavam por ela um derradeiro clarão de adeus ao dia que findava.

O “PB-3” voava direito à visão que alucinava o piloto, a desfalecer lentamente, esvaindo-se em sangue. Uma nuvem escura com os vagos contornos de um vulto de braços abertos, destacava-se em relevo na clareira de luz aberta no poente. Agora ele estava seguro. Voava, confiado, na direção daqueles largos braços que se abriam para o receber… Era véspera de Natal. Aquela hora, certamente, a mamãe lembrava-se dele. Talvez estivesse, de mãos erguidas, murmurando uma daquelas orações como era mesmo? que lhe ensinara em criança. Talvez estivesse pedindo ao meigo Jesus que olhasse por ele…

A cabeça tombou-lhe para a frente. As mãos, aferradas por instinto aos comandos, afrouxaram-se. O avião teve um movimento brusco de mergulho. O fim aproximava-se. Mas o piloto voltara a si com o abalo. Seus olhos veem agora claramente a realidade. Lá embaixo, visível à luz frouxa do poente estende-se um largo campo. Num supremo esforço agarra-se aos comandos e endireita o avião. Finalmente sabia onde estava.

O sol despedia seu derradeiro clarão. O “PB-3”, pairando sobre a base, preparava-se para pousar.


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A Cruzeiro do Sul Capitalização S. A. Nos Estados

A Inauguração Oficial do Escritório Auxiliar de Campinas

Dado o desenvolvimento auspicioso dos negócios da Cruzeiro do Sul Capitalização, S.A. no Estado de São Paulo, e em virtude do desmembramento do setor anteriormente confiado ao Sr. Neige Acário, em duas regiões distintas, por motivos de ordem técnica, tomou a nossa produção naquele Estado um impulso verdadeiramente significativo, sendo necessária a criação de dois Escritórios Auxiliares, um em Campinas e outro em Curitiba, no Estado do Paraná, localidades estas subordinadas à Sucursal de São Paulo.

A Sucursal de São Paulo, portanto, passou a ter três Inspetorias Gerais, a saber: a primeira, do Sr. Neige Acário, denominada “Interior”, compreendendo o norte do Estado, parte do Sul de Minas e parte de Mato Grosso; a segunda, do Sr. Francisco Zambrano, denominada “Litoral”, compreendendo o sul do Estado, o litoral e Curitiba, no Paraná; e, finalmente, a terceira, confiada ao Sr. Carlos Braga Paiva, localizada na Capital de São Paulo e subúrbios. Dessa forma, imperiosa se tornou a criação daqueles três Escritórios.

A fim de inaugurar o Escritório Auxiliar de Campinas, viajaram para São Paulo, em meados de setembro, os nossos Diretores, Srs. Donald de Azambuja Lowndes e Luis Serpa Coelho. Este último, então, recém-empossado, fazia assim a sua primeira viagem como Diretor da Cruzsulcap.

Em Congonhas, esperavam-nos os Srs. Gerentes da Sucursal de São Paulo, Oswaldo Quartim Barbosa e Terêncio Silva Barbério, o Sr. Inspetor Geral, Carlos Braga Paiva, grande número de colaboradores, além de amigos que os foram cumprimentar.

Após curta estada na Capital de São Paulo, rumou para Campinas o Sr. Luis Serpa Coelho, acompanhado da comitiva da Capital, já que o Sr. Donald de Azambuja Lowndes, por motivo de força maior, fora obrigado a deter-se em São Paulo, não podendo, assim, comparecer à solenidade inaugural do Escritório de Campinas.

Além dos Srs. Terêncio Silva Barbério e Carlos Braga Paiva, integraram a comitiva diversos colaboradores da Capital, que, assim, iam compartilhar da alegria dos cruzsulcapianos de Campinas.

Às 17 horas do dia 12 de setembro, precisamente, inaugurava-se oficialmente o Escritório de Campinas, achando-se presentes à solenidade o Sr. representante do Prefeito Municipal, outras autoridades, representantes do Banco do Brasil, Caixa Econômica e dos Bancos locais, das Companhias congêneres, grande número de convidados, além de todos os colaboradores da Chefia da Organização de Campinas.

Na mesa que presidiu à solenidade, viam-se duas lindas corbelhas, uma ofertada pela Sul América Capitalização e outra pela Organização de Campinas, com a seguinte dedicatória: “Aos Diretores da Cruzeiro do Sul, na pessoa do seu Diretor Gerente, Sr. Luis Serpa Coelho, a Organização de Campinas”.

A bênção inaugural foi dada pelo Rev. Padre Lício, que antes proferiu rápidas palavras sobre a nossa Companhia, terminando por dizer que “Campinas se sentia orgulhosa em possuir uma nova Agência de Companhia de Capitalização, desta vez Cruzeiro do Sul, cujo prestígio indiscutível se fundamentava na grande ‘carteira’ de negócios existente na cidade”.

Após a bênção, fez uso da palavra o Sr. Francisco Zambrano, Inspetor Geral do Litoral, cuja oração transcrevemos:

“Se em Campinas, de maneira eficiente e construtiva, a Cruzeiro do Sul Capitalização difundiu e desenvolveu seu vasto programa de economia popular, devemo-lo, em grande parte, ao alto grau de compreensão e cultura deste tradicional povo campineiro, que tem sabido acolher, com inteligência e simpatia, o esforço e devotamento dos nossos colaboradores.

Pouco a pouco, mas com firmeza, vamos elevando o edifício, que será o marco de uma nova fonte de economia brasileira.

As realizações nesta bela cidade paulista também são frutos da dedicação, do esforço e da capacidade de um grupo de colaboradores amigos.

Não fora um ambiente de amizade, não nos seria possível registrar tão grandes vitórias.

Assim, conseguimos consignar os maiores recordes de produção neste setor. Em apenas 6 meses, mais de 25 milhões de cruzeiros.

Este mês, poderemos afirmar com segurança que a produção ultrapassará os 6 milhões, somente em Campinas.

Obedecendo à voz de comando, assumi a Inspeção Geral do Distrito B-2, que compreende São Paulo-Paraná.

Aceitei confiante. Estava certo de que a “máquina” de Campinas continuaria sempre vitoriosa, porque à frente dela ficaria um homem valoroso, inteligente e dinâmico, que, apesar de novato em nosso ramo, soube imprimir um rumo certo e seguro aos trabalhos. Este homem é Jair de Moraes Neves, que merece os nossos aplausos.

No nosso trabalho, todas as dificuldades desaparecem quando nos empenhamos com confiança e entusiasmo.

O nosso negócio não requer gênios para sua difusão e desenvolvimento, mas sim um temperamento prático e objetivo, principalmente para aqueles que dirigem, que orientam.
Torna-se preciso agir com o cérebro, mas conquistando os corações. Dirigir sem vaidade, sem orgulho, sem prepotência, como quem dirige e orienta sua própria família.

Há menos de 1 ano, a Cruzeiro do Sul Capitalização iniciou suas atividades no Brasil; porém, aproveitando-se da longa experiência e comprovada capacidade dos seus altos dirigentes, conseguiu, desde logo, formar sua trajetória vitoriosa, que já nos permitiu a instalação de Sucursais em quase todas as Capitais do território nacional.

Esta é a primeira cidade do interior que logrou conquistar a instalação de um escritório auxiliar, porque a necessidade de premiar os habitantes desta grande e progressiva cidade paulista, pelo franco acolhimento que nos vem dispensando.

Assim, pois, está de parabéns a Chefia de Organização de Campinas, e, em nome dela, cumpro o grato dever de externar ao nosso digno Diretor-Gerente, Sr. Luis Serpa Coelho, os seus sentimentos de profunda gratidão, e os meus próprios, pelo expressivo presente que a Cruzeiro do Sul acaba de ofertar a Campinas e à nossa Organização local.”

Uma grande salva de palmas fez-se ouvir, então. Em seguida, usou da palavra o Sr. Luis Serpa Coelho, nosso Diretor-Gerente. Foi a seguinte a sua oração:

“Meus senhores,

No progressista Estado de São Paulo, destaca-se a cidade de Campinas, graças ao trabalho constante, inteligente e produtivo de seus filhos.

Eis porque a Cruzeiro do Sul Capitalização, compreendendo o potencial econômico que esta cidade representa, resolveu aqui instalar a sua primeira agência fora da Capital do Estado.

Com esta atitude, pretende a Cruzeiro do Sul não só render a sua homenagem àquelas qualidades do povo campineiro, como, e sobretudo, emprestar a sua cooperação para o cada vez maior desenvolvimento econômico desta região. E do que é capaz a Cruzeiro do Sul dizem bem alto as vitórias já alcançadas no campo econômico pelos diversos empreendimentos da Organização Lowndes, as suas Cias. de Seguro, o Banco Lowndes e outros.

Certos de que a fidalguia dos campineiros tornará agradável a tarefa dos nossos colaboradores, o Inspetor Geral, Sr. Francisco Zambrano, e o Chefe de Organização, Sr. Jair de Morais Neves, tenho a honra de declarar inauguradas as instalações da Cruzeiro do Sul em Campinas, agradecendo a todos os presentes a subida distinção que nos fizeram, comparecendo a este ato”.

Muito aplaudido foi o nosso Diretor-Gerente, após o que recebeu os cumprimentos de todos os presentes ao ato.

Servido o coquetel, a festa decorreu num ambiente de grande cordialidade e perdurou até às 19 horas, quando os primeiros convivas começaram a se retirar.

Foi, em suma, um acontecimento marcante na vida da Sucursal de São Paulo a inauguração do Escritório de Campinas, evento este que ficará inesquecível nos anais cruzsulcapianos.

Às 21 horas desse mesmo dia regressou a São Paulo a comitiva da Capital, depois de ter recebido, na estação da Paulista, o abraço de despedida da Organização de Campinas e dos amigos.


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A Inauguração da Agência de Campina Grande

A foto acima retrata um aspecto da inauguração da Agência de Campina Grande (Paraíba) da Cruzeiro do Sul Capitalização, S.A. Na fotografia, podemos ver o Sr. José Alberto Resende Santos, Superintendente de Produção, o Senador Vergniaud Wanderley, o prefeito da cidade, deputado Otávio Amorim, oito gerentes de bancos, industriais, comerciantes, etc., e o Sr. Cícero Corrêa de Souza.

O prefeito da cidade, presidindo o evento, explicou sucintamente o que é capitalização e convidou o povo de Campina Grande a apoiar essa instituição benemérita que tem como principal objetivo favorecer a economia coletiva.

Em seguida, o Sr. José Alberto Resende Santos apresentou o Sr. Cicero Corrêa de Souza, informando aos presentes sobre a Organização Lowndes.

Por fim, o Sr. Cícero Corrêa de Souza, renomado especialista em cooperativismo no Brasil e nosso colaborador, discorreu sobre os fundamentos da capitalização, sempre a serviço do bem comum, pois é o melhor sentido de cooperação e seu objetivo elevado é estimular e concretizar a economia.


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Veja Se Sabe…

Veja se pode responder corretamente às 20 perguntas abaixo, experimentando assim sua cultura e sua memória. Cada pergunta vale 5 pontos. De 80 a 100 pontos, é um resultado ótimo; de 60 a 80, bom; de 50 a 60, regular. Confira os resultados com as respostas corretas no fim da revista.

1) O primeiro livro aparecido com o título de “História do Brasil” é de autoria de um brasileiro, de um português ou de um inglês?

2) A primeira linha de navios a vapor no Brasil deve-se a José Clemente, ao Visconde de Mauá ou ao Marquês de Barbacena?

3) Qual foi o prócer da Independência do Brasil que tinha o apelido de “Zé Pequeno”? José Bonifácio, José Clemente Pereira ou José Joaquim da Rocha?

4) O primeiro jornal editado no Brasil apareceu em 1808 no Rio de Janeiro. Qual foi ele? Gazeta do Rio de Janeiro, Jornal do Comércio ou Diário do Rio?

5) A Escola de Sagres, que preparou as descobertas marítimas portuguesas, foi fundada pelo príncipe D. Henrique, pelo rei D. Manuel ou por Vasco da Gama?

6) Destes três famosos escritores portugueses: Camilo Castelo Branco, Antero do Quental e Fialho de Almeida, algum deles morreu de morte natural?

7) O verso “Auriverde pendão da minha terra”, é de Bilac, Castro Alves ou Raymundo Correia?

8) “Conselheiro XX era pseudônimo de um destes três escritores brasileiros, já falecidos: Afranio Peixoto, Coelho Netto, Humberto de Campos. Qual deles?

9) O poeta Raul de Leoni, autor de “Luz Mediterrânea”, era natural de Itaipava, Petrópolis ou Niterói?

10) Qual o grande compositor francês morto por bombardeio aéreo, em Paris, durante a primeira Grande Guerra? Bizet, Debussy ou Berlioz?

11) Um destes grandes gênios musicais alemães era surdo: Wagner, Beethoven, Schumann. Qual deles?

12) A ópera “Guilherme Tell” foi composta por Wagner, Rossini ou Weber?

13) Puccini faleceu deixando uma ópera que foi terminada por outro. Qual destas? “Manon Lescaut”, “La fanciulla del West” ou “Turandot”?

14) De que país é originário o café? Brasil, Arábia ou China?

15) O sacarímetro é um aparelho para contar saques, para dosar o açúcar ou um remédio para o diabetes?

16) Ludomania é a mania dos divertimentos, de ludibriar o próximo ou de brincar com lume?

17) Macrorrizo é o vegetal que tem raízes longas, a pessoa que ri muito ou a que não ri absolutamente?

18) Quando dizemos uma resma de papel”, queremos significar: um bloco de 25 folhas, um fardo de 500 ou um caderno de 100?

19) Há uma rua no Rio de Janeiro que era conhecida antigamente por Rua Direita. Qual destas? Buenos Aires, 1.o de Março ou Alfândega?

20) Largo do Paço era o antigo nome da Praça 15 de Novembro, da Praça Tiradentes ou do Largo do Campinho?

RESPOSTAS

1) “A primeira ‘História do Brasil’ foi escrita pelo inglês Roberto Southey. A de Rocha Pitta, anterior a esta, tinha por título: ‘História da América Portuguesa’;

2) Ao Marquês de Barbacena, em 1819;

3) José Clemente Pereira;

4) A Gazeta do Rio de Janeiro, impressa nos prelos trazidos por D. João VI;

5) Pelo príncipe D. Henrique, cognominado ‘O Navegador’;

6) Nenhum deles: todos se suicidaram;

7) É de Castro Alves e foi o mais votado no concurso efetuado pela Academia Brasileira ‘Qual o mais belo verso brasileiro?’;

8) De Humberto de Campos, quando estreou no ‘Imparcial’;

9) De Petrópolis;

10) Claude Debussy;

11) Rossini;

12) Beethoven;

13) ‘Turandot’, terminada por Franco Alfano;

14) Da Arábia;

15) Para dosar o açúcar;

16) Mania dos divertimentos;

17) Vegetal com raízes longas;

18) 500 folhas;

19) Rua 1º de Março;

20) Praça 15 de Novembro.


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A Teoria do Esquecimento

Marlins Capistrano

O amor é a essência da alegria e do sofrimento. Exalta e eterniza o coração, criando em cada destino um motivo irresistível de fascinação interior. Quem não ama vive sem sobressaltos, sem dúvidas, sem inquietações, sem amarguras e sem desenganos, mas não pode sentir as doçuras e a miragem da esperança. A vida só tem encantos nas ilusões e nas desilusões do amor. Do amor que intranquiliza e deslumbra. Do amor que se sacrifica e perdoa. Do amor que arrebata e alucina…

Ninguém pode negar o amor, porque ele está fundamentalmente nas angústias e nas seduções da própria vida.

Há homens que não sabem amar. Há mulheres que não sabem compreender. O coração humano que se debate nas incertezas do sentimento é tanto mais generoso quanto maior é a sua capacidade de querer. Na mulher, o amor é um imperativo sentimental. No homem, é a fatalidade.

Quem ama e se desilude, quer esquecer e não consegue. Porque o esquecimento não existe para o amor. O esquecimento é a vingança da revolta.

Esquecemos tudo que nos faz sofrer material e moralmente: as injúrias com que a maldade humana procura atingir a nossa inocência, a injustiça dos julgamentos precipitados, a covardia e o egoísmo das atitudes sinuosas, o atavismo da insatisfação, o delírio das vaidades mal disfarçadas, a dor da ingratidão… Tudo esquecemos no tumulto das horas que passam, na inquietação dos fatos que marcam inevitavelmente a tragédia dos destinos…

Só o amor não permite o esquecimento. Fica sempre dentro de nós depois que se foram, irremediavelmente, os instantes de felicidade e de ternura, um pouco daquela saudade que não morre, um pouco daquela vibração sentimental que não se extingue… É a cicatriz do amor recordando, perenemente, em nossa sensibilidade insatisfeita e angustiada, a ilusão de uma pobre esperança malograda…

Esquecer é negar. É destruir as afirmações do amor. É caluniar o coração… Quem esquece não ama. O ódio não ama. O ódio nasce do despeito e nunca do amor, como querem alguns psicólogos mal intencionados. Porque na alma de quem ama verdadeiramente há sempre a doçura e a beleza do perdão… Ali não há lugar para os espinhos e os amargores do esquecimento.

Se pudéssemos esquecer o amor, essência da alegria e do sofrimento, também poderíamos transformar a desventura em felicidade, e o desengano em esperança. Esperança de uma nova esperança e de um novo consolo para o nosso infortúnio. Todo aquele que sente o amor, que crê no amor, que ama o amor nas suas manifestações mais emocionantes, não aceita a renúncia nem acredita no esquecimento. Este só existe no coração de quem não soube amar…


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Mais Um Acidente Pago

O cheque que se vê acima, na importância de Cr$ 25.000,00, representa a indenização paga pela Companhia de Seguros Cruzeiro do Sul, por intermédio de seu agente no Estado do Ceará, Banco Frota Gentil, à Sra. D. Esther Marques Freire, viúva do Sr. José Ximenes Freire, falecido em consequência de um acidente, em 3 de junho do corrente ano. O Sr. J. Ximenes Freire estava segurado pela apólice de Acidente Pessoal nº 1.129.


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Perigo! Homem de Trabalho…

Chefes x Secretárias – A opinião delas…

Chefe Burocrata

Seu ponto fraco é mandar material mimeografado a todos os amigos e clientes, além dos simples conhecidos. Circulares quilométricas, relatórios embutidos de termos empolados, colunas extensas de estatísticas, são a delícia de sua alma. Pelo menos sabe-se onde encontrá-lo: debaixo de toda a papelada que sempre lhe cobre a mesa. 

Chefe Relâmpago

Por que o mesmo não acontece com Chefe-relâmpago: aparece no escritório de manhã, acende a luz da mesa – único indício, aliás, da sua presença no escritório. Marca entrevistas e telefonemas e desaparece. Em compensação, quando a secretária se apronta para sair, ei-lo que surge, dá umas ordens rápidas e sai para o almoço. Naturalmente, nunca se sabe onde ele almoça.

Chefe “Deixa Pra Depois”

O horário de expedição da correspondência não lhe perturba o bom humor. Enquanto a correspondência se acumula na sua mesa, ele conta o boato mais recente ou a anedota que lhe contaram ontem. Até lembrar-se de dizer: “Tome nota de uma carta”, já passou muito da hora do almoço ou da saída à tarde.

Chefe Amoroso

É o castigo das secretárias. Está sempre lançando olhares melosos para as moças ou dizendo gracinhas. Parece ser muito fraco, pois necessita sempre apoiar-se a um ombro alheio feminino, é claro. A maioria deles não percebe que são nada mais do que uma edição moderna do ridicularizado vilão do velho melodrama. As moças precisam usar de toda a diplomacia para evitar-lhes as gracinhas. A mudança de um penteado ou um vestido novo é pretexto para dar uma entradinha…

Chefe “Bomba Atômica”

Explode primeiro, pensa depois. Tudo incomoda: política, negócios, família. E de quem é a culpa? Quem tem o privilégio de ouvir sua voz trovejante? Naturalmente, o mais humilde funcionário ou a mais sossegada datilógrafa.

Chefe Cortina de Fumaça

Dita com o cachimbo ou o charuto entre os dentes e nunca tem uma ideia exata do que vai dizer. Murmura uns sons ininteligíveis e diz: “Não, tire isso e escreva o seguinte” e continua com o seu ditado incompreensível. Depois de uma hora – em volta na fumaça inebriante do charuto – a pobre secretária tenta perceber o sentido do emaranhado de palavras e frases soltas. Reconstruir uma cidade bombardeada talvez seja mais fácil.


MATÉRIA

Um Capítulo Dramático da História da Medicina

ANTONIO GIL
(Expressamente para “Noticiário Lowndes)

A Descoberta da Anestesia e o Fim Doloroso de Três de Seus Pioneiros

De fato, meus caros colegas: de fato, isto não é impostura! Estas palavras, que marcariam uma nova era na cirurgia, pronunciá-las-ia, emocionado, o prof. John Collins Warren, ao terminar uma operação. Motivá-las-ia o fato de ser ela a primeira em que um doente fora anestesiado, não sentindo de fato a dor do bisturi rasgando-lhe as carnes.

A cena passava-se no Hospital Geral de Boston, em 16 de outubro de 1846, portanto, há 101 anos. Anestésico empregado: éter. Responsável pela aplicação: William Thomas Green Morton, dentista.

Exposta assim secamente, a história da descoberta da anestesia parece banal e rotineira. E seria de fato não fossem as peripécias dramáticas que revolveram a vida de Morton e dos demais pioneiros, e sobretudo, não fosse a terrível fatalidade que parecia ter corrido um espesso véu sobre a compreensão dos homens.

Essa operação foi o primeiro triunfo da anestesia. Pela primeira vez os cirurgiões se convenciam de que existia uma substância realmente capaz de adormecer o paciente e torná-lo insensível à dor.

Até então, quantas tentativas, quanta luta, quantas decepções, em meio à geral descrença! E, entretanto, o éter era uma substância conhecida há séculos, e além do éter já havia o protóxico de azoto, que o grande Humphrey Davy experimentara e preconizara, em 1800, como anestésico. Já existia mesmo o clorofórmio, descoberto em 1831-2, simultaneamente por três sábios, em três diferentes países. Por que demorara tanto, pois, a descoberta da anestesia, se o homem, desde os tempos mais remotos, pusera tantos esforços na luta contra a dor?!

Na verdade, os maus fados perseguiam a humanidade, cerrando-lhe os olhos para a evidência, por vezes tão clara, dos trabalhos de alguns pioneiros e das substâncias de que dispunha.

Até meados do século passado, os cirurgiões não dispunham de nenhum processo racional e eficaz de anestesia. Para poupar o mais possível a dor, reduziam ao mínimo o tempo das operações. Os mais afamados eram os que operavam com maior rapidez. Fora disso, só embebedando os pacientes com bebidas alcoólicas, ou então lançando mão do recurso do célebre mestre francês Dupuytren que, de uma feita, insultou gravemente uma jovem para a fazer desmaiar e nesse estado poder operá-la.

Nem o magnetismo e o hipnotismo foram esquecidos. Todos esses meios eram, porém, imperfeitos e falhos, e o espetáculo de uma intervenção cirúrgica era então de tal forma estarrecedor, que Darwin desistiu da Medicina ao assistir a uma operação.

A Pista Fora Aberta no Século XIII

O éter, com que Morton anestesiou o paciente do Hospital Geral de Boston, aparece na história da química no século XIX. Descobre-o o célebre Raimundo Lúlio. Um grande renovador da Medicina, Paracelso, dois séculos após, experimenta-o em galinhas, descobre suas propriedades inebriantes e recomenda-o nas doenças dolorosas. Mas nenhum cirurgião se lembra de com ele adormecer os pacientes, nem mesmo quando cientistas eminentes como Boyle e Newton, mais tarde, voltam a chamar a atenção para os seus efeitos. Passam-se os anos e Frobenius, em 1792, põe-no de novo em foco, dando-lhe o nome que hoje tem (até aí era conhecido como vitríolo doce) preconizando suas virtudes calmantes. Tudo em vão. Os cirurgiões continuavam cegos à evidência e a humanidade a sofrer a dor aguda do bisturi.

Por essa época (1772) Priestley descobre o protoxido de azoto, ou gás hilariante, e assim aparece outra substância com propriedades anestésicas, que outro grande químico, Humphrey Davy, pouco depois comprovaria.

De fato, em reiteradas experiências operadas em si mesmo, Davy constata os efeitos singulares do protóxido de azoto: ataques de riso, travessuras de todo o gênero e depois um estado de torpor em que o indivíduo fica insensível. Isso faz-lhe antever o partido que a cirurgia podia tirar do novo composto e, em 1800, escreve as seguintes e proféticas palavras: “Já que o gás hilariante parece possuir a propriedade de acalmar as dores físicas, seria, sem dúvida, recomendável empregá-lo contra as dores cirúrgicas, quando não houver a temer uma grande efusão do sangue”. Todavia, nenhum médico quis tirar a prova de suas afirmações.

Miguel Faraday, seu glorioso discípulo, anos passados, ao estudar a diferença entre as emanações dos líquidos voláteis e dos gases, nota o mesmo fenômeno que Paracelso assinalara no século XVI e Frobenius em 1792 as virtudes calmantes do éter, verificando mais: que a sua inalação demorada leva o homem a um estado letárgico de insensibilidade. Escreve ele então: “Quando se mistura o vapor do éter ao ar comum, e se inala, sua ação assemelha-se à do gás hilariante. Em consequência de uma inalação imprudente de éter, um homem permaneceu num estado letárgico que durou 30 horas, com pequenas interrupções”.

Mas Faraday não era médico, e os médicos não deram importância à sua notável observação. Seus trabalhos levam-no para outras vias e a anestesia, cujas portas abrira mais escancaradamente do que nenhum outro, ainda desta vez não se tornou um fato. Mais tarde, referindo-se a essa época, diria o médico John Bigelow: “A humanidade conduziu-se a respeito dos anestésicos como se ela própria houvesse respirado os vapores do éter e tivesse caído, portanto, no sono de um século”.

Não havia soado ainda a hora da libertação. A humanidade continuaria sofrendo a dor física por culpa da cegueira e da rotina daqueles que tinham por ofício mitigar-lhe os sofrimentos.

Ainda dois pioneiros se vêm perseguidos e maltratados: Sertuerner, que isola a morfina em 1806 e morre entre sofrimentos horríveis, depois de ser alvo de difamações e ver tardiamente reconhecida a sua grande descoberta; e Henry Hill Hickman, jovem médico inglês que, depois de comprovar em animais os efeitos anestésicos do gás hilariante, vê suas observações desprezadas pela Royal Society e pela Academia de Medicina de Paris, as quais lhe negam permissão para experimentá-lo em seres humanos, morrendo aos 29 anos, depois de lutar em vão por suas ideias.

A América Levanta o Véu

Caberia à América do Norte a glória do descobrimento, ou melhor, da aplicação da anestesia. Dor cuja primazia lutariam quatro pioneiros, três dos quais tiveram morte trágica depois de uma inglória polêmica.

A história é curiosa na sua origem. Era costume então fazerem-se conferências públicas sobre assuntos científicos, acompanhadas de demonstrações práticas. Certo dia aparece em Hartford um desses conferencistas ambulantes anunciando uma palestra e experiências com o falado gás hilariante no Union Hall. Horace Wells, dentista local, que aspirava a uma carreira brilhante, lê o anúncio e resolve assistir à conferência. A demonstração foi sensacional. Um prático de farmácia, Samuel A. Cooley, é o primeiro a aspirar o gás e o efeito foi tremendo. O homem dança, pula, cai, levanta-se e tenta agredir um espectador, a quem persegue, ante a galhofa de toda a sala.

Wells todo observa e, finda a função, nota que Samuel, que era seu vizinho de fila, ferira-se seriamente num joelho, e não se apercebera disso. Pela cabeça do nosso dentista passa uma ideia — uma ideia lógica: o prático de farmácia não sentira a dor do ferimento, logo, o gás tinha-o insensibilizado! Wells não perde tempo. Estava aí o que ele e todos os dentistas procuravam para aliviar a dor das extrações.

Ao outro dia procura o conferencista o Dr. Gardner Colton e pede-lhe que lhe aplique o gás, enquanto um colega lhe extrai um dente.

A 11 de dezembro, data magna nos anais da odontologia, é feita a prova. O Dr. John M. Riggs extrai um dente a Wells, sob a ação do gás hilariante, sem que este sinta a mínima dor.

Estava pois, resolvido o problema e desta vez em demonstração prática e positiva num ser humano. Mas ainda não. Nova dilação iria sofrer a descoberta.

Quando em janeiro do ano seguinte, entusiasmado pela prova, Wells quis fazer uma demonstração pública perante os homens de ciência de Boston, os maus fados que vinham implacavelmente perseguindo a anestesia fizeram sentir sua mão de ferro. Wells fracassa! O paciente a quem aplica o gás, berra como um danado ao extraírem-lhe um dente. O pobre descobridor, corrido de sarcasmos e injúrias, desanima e abandona a profissão.

O Triunfo do Éter

W. T. Green Morton, o primeiro a aplicar a anestesia chúrgico, há 101 anos

Morton, que também era dentista e ex-sócio de Wells no consultório de Hartford, teve mais sorte. Estabelecido em Boston e criador de um novo processo de fixar coroas, preocupava-o uma coisa: achar um jeito de acalmar as dores que essa operação provocava. Experimentou, a princípio, embebedar os pacientes com aguardente, champanhe e dar-lhes láudano ou ópio em pó de mistura. Mas isso era caro, demorado, perigoso e não dava resultado. Inscreveu-se então na faculdade de Medicina de Harvard para melhor conhecer os dados do problema. Lecionava ali um afamado cientista, que era ao mesmo tempo médico, químico, geólogo e ainda por cima se dedicava a fabricar dinheiro para o Governo: o Dr. Charles T. Jackson. Morton segue seus cursos e discute com ele a questão da anestesia. Jackson fala-lhe do éter que, afirma, experimentara em 1842, por casualidade.

Morton procura tudo que há sobre o éter e vem a dar com as observações feitas por Faraday, em 1818. Finalmente decide-se a experimentar, criando um aparelho para inalações. Verifica em si próprio, procura as doses e o tempo certos da inalação, desconhecimento que fora a causa do fracasso de Wells, até que chega a hora da experiência decisiva.

Certo dia de setembro de 1846, quase dois anos após a auto-experiência de Wells, entra em seu consultório um homem com os queixos inchados. Tem uma horrível dor de dentes e quer que lhe façam logo uma extração, mas que o magnetizem primeiro para sofrer menos. Mas nem Morton nem seus assistentes sabiam fazer isso. É então proposta ao paciente a eterização. Este chamava-se Eben Frost, o felizardo, e foi um defensor acérrimo da prioridade de Morton aceita, e o dente é extraído sem dor, de tal forma que o homem custou a acreditar. O fato foi publicado e festejado por todos os jornais. Outras extrações seguiram-se com o mesmo êxito e em outubro Morton propôs-se a anestesiar um doente que ia ser operado no Hospital Geral. Foi essa a operação a que nos referimos a princípio e data daí o triunfo da anestesia.

Morton quebrara finalmente o encanto que vedava ao homem anular a dor física. O éter triunfava e impunha-se. A notícia espalha-se rapidamente e corre mundo. Morton, que tentara guardar segredo de seu anestésico e obter patente, viu-se obrigado, antes da operação, a revelá-lo, diante da imposição do diretor do hospital. A 21 de dezembro, em Londres, era feita uma operação com anestesia, a primeira na Europa. Em janeiro do ano seguinte, já se opera sob anestesia na França e na Alemanha, seguindo-se a prática em outros países. Nesse mesmo ano, J. Bell e J. P. Flourens assinalam as virtudes anestésicas do clorofórmio, descoberto em 1831/2 por Guthrie, nos Estados Unidos, por Sonbeiran, na França, e por Liebig, na Alemanha. A 4 de novembro, o Dr. James Y. Simpson aplica-o pela primeira vez na Escócia.

Já não havia mais dúvida: a anestesia era um fato. A humanidade possuía agora três substâncias que venciam a dor física: o éter, o gás hilariante e o clorofórmio. Entretanto, um capítulo triste ia desenrolar-se nos Estados Unidos: a luta pela prioridade da descoberta.

Morton triunfará com o éter, enquanto dois anos antes Wells havia fracassado ao comprovar publicamente os efeitos do gás hilariante. Agora, porém, que a anestesia era um fato consumado, não tardam em aparecer as reivindicações dos pioneiros desconhecidos ou dos esquecidos. O Dr. Jackson, de quem Morton fora aluno, é o primeiro a reclamar para si a glória da descoberta, alegando que em 1842 experimentara o éter, constatando suas virtudes insensibilizadoras. Horace Wells, por seu lado, procura reivindicar para si a prioridade, relembrando a extração indolor com o gás hilariante em 1844. Os meios científicos americanos são abalados por tremenda e longa polêmica e o Congresso, que por duas vezes vota um prêmio de 100.000 dólares para Morton, diante de tais fatos, suspende a entrega do prêmio, tanto mais que, além de Wells e Jackson, surge outra reivindicação apoiada por testemunhas idôneas: a do Dr. Crawford W. Long, que prova ter feito uma intervenção para extrair um tumor da nuca de um tal James M. Venable em Jefferson, em 30 de março de 1842, dando-se éter para inalar, ideia que lhe viera ao observar numa “ether party” (reuniões habituais naquele tempo em que se aspirava éter para gozar seus efeitos inebriantes) um sujeito que se ferira sem sentir dor alguma. O Dr. Long, que fizera assim umas oito operações, não prosseguira devido aos protestos de influentes cidadãos locais, que viam nisso obra do demônio, nem tampouco comunicara o caso às sociedades médicas.

A qual deles conceder, pois, as honras de descobridor? A dúvida permanece até hoje. Em quatro diferentes lugares da América do Norte, três placas de bronze e um monumento assinalam aos pósteros os nomes desses quatro homens com os quais a humanidade tem uma dívida de gratidão.

Oliver Wendell Holmes, famoso médico e poeta americano, e criador da palavra anestesia, solicitado a dar sua opinião quando da polêmica Morton X Jackson, respondeu com este ambíguo trocadilho anglófilo: “to either”, que tanto quer dizer: ambos como ao éter.

Vejamos agora o trágico final. Horace Wells, que abandonara a profissão de dentista e vira rejeitada a sua primazia, desespera-se, torna-se maníaco, agride uma mulher na via pública, é encarcerado e acaba por suicidar-se na prisão. Morton, arruinado, pois a descoberta de nada lhe valera em dinheiro, morre de súbito ao ler mais uma das caluniosas verrinas do Dr. Jackson. E este, que nunca cessou de reclamar a primazia do emprego do éter e tudo fez para impedir que o Congresso concedesse o prêmio a seu rival, tem também um fim triste: enlouquece ao lado do túmulo de Morton quando lia o epitáfio que assinalava jazer ali o descobridor da anestesia.

Os maus fados perseguiram, como se vê, os que batalharam por descobrir um antídoto contra a dor física. Mas com seus sofrimentos morais e seus sacrifícios, redimiu-se a humanidade desse terrível espinho que lhe aguilhoava as carnes desde que, expulsa do paraíso, fora condenada a viver na dor.


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O Natal na Inglaterra

O Natal é, na Inglaterra, uma das tradições cristãs mais profundamente arraigadas no espírito do povo. Pobre e rico o festejam com profundo sentimento e em obediência aos costumes seculares como a árvore, os brinquedos, as festas infantis, Father Christmas ou Santa Claus (Papai Noel) e os famosos Christmas Carols, as canções de Natal, tradição também noutros países europeus. Alguns aspectos dessa grande festividade cristã na Inglaterra é o que mostra esta página.

Coro infantil da Catedral de Canterbury entoando as Christmas Carols, velha tradição que começa em fins de novembro e se estende pelas ruas, de porta em porta, para coletar donativos para os pobres.

Desenterrando árvores para ornamentar […] grande data.

Um conhecido ator distribuindo brinquedos no Royal Waterloo Hospital.

Santa Claus dando um presente a um bebé. Em todas as grandes lojas é comum esta cena.


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Natura

De Mario C. Pacheco

O oceano guarda na imensidão do seu leito, límpido e silencioso, a riqueza perolífera, branca e fria, avaramente guardada nos pequenos corpos que a encerram, tal como se fossem pequeninos cofres contendo grandes fortunas.

O carbono se cristaliza e se disfarça no escuro carvão que guarda com usura a gema preciosa, cobiçada, que por mil facetas decomporá a coloração da luz, como que roubando ao Céu o Arco-Íris para depositá-lo na mão do homem.

O firmamento, como um Cérbero gigantesco, monta guarda enciumado aos segredos constelares contra a invasão da ciência humana, fugindo sempre, colocando cada vez mais distante as estrelas que brilham em seu seio. A terra vomita fogo e cinzas e estremece em convulsões terríveis, advertindo o homem a não penetrar nos seus mistérios interiores. A selva se agiganta em florestas impenetráveis, criando labirintos verdes, cheios de perigos, como que a esconder em segredo os tesouros da natureza.

O coração humano também esconde as emoções violentas do ódio e das paixões, ou a doçura e meiguice do amor e da amizade.

Também esconde o sentimento melancólico do poeta, as imagens vividas na alma do pintor, a sensibilidade do músico ou a boemia do filósofo.

E tão pequeno que ele é!

Nos obras de Deus, no entanto, é talvez o mais misterioso de todos os segredos. Não vivem nele simultaneamente o egoísmo e o altruísmo, o ciúme e a abnegação, o amor e o ódio, a virtude e o pecado, o medo e a bravura, a timidez e a audácia, a alegria e a dor?

Não ri o palhaço ao mesmo tempo que, prestes a brotar, esconde uma lágrima nos olhos?

E a ira do Senhor não fez estalar a chibata nos ombros dos mercadores, onde iria Ele próprio, logo depois, pregar o Amor e o Perdão?

E a pena do poeta que registra nas linhas do papel a sensibilidade da alma humana nas suas múltiplas manifestações, todas elas oriundas de um mesmo coração, com tal nitidez que dir-se-ia serem manifestações vividas pelo autor?

E a palheta do pintor que grava na linguagem das cores, com a mesma vivacidade, com a mesma pureza do sentimento artístico, a orgia do lupanar ou a santidade do altar? E as partituras do músico que variam entre a ligeireza de um samba, a melodia de uma valsa ao clímax de uma sinfonia? E assim por diante o coração humano manifestando os seus contrastes, é sem dúvida o maior mistério da criação.


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Donald de Azambuja Lowndes

Donald de Azambuja Lowndes

Uma efeméride das mais gratas a todos que fazem parte da Organização Lowndes for a que se registrou a 22 de novembro, data natalícia dessa figura ímpar de homem de negócios e homem de sociedade que é Donald de Azambuja Lowndes.

Espírito de invulgar penetração e iniciativa, dotado de grande capacidade de trabalho e larga visão, Donald A. Lowndes soube impor-se rapidamente em nossos meios financeiros e securitários e, ainda moço, conquistar uma nobre posição de destaque, invejável sob todos os aspectos.

Colaborando decisivamente na fundação e no desenvolvimento de várias empresas, em todas elas soube imprimir o cunho de sua personalidade dinâmica e honrada, achando-se hoje à frente da grande organização que tem o nome de seu pai e o seu, cujo acervo moral e material muito lhe deve, e onde é um chefe esclarecido e devotado.

É a esse chefe, estimado por todos os seus colaboradores e auxiliares, para cujo esforço tem sempre uma palavra de reconhecimento e de estímulo, que desejamos prestar a homenagem da nossa admiração pelas suas eminentes qualidades de espírito, registrando seu natalício e as muitas manifestações de que foi alvo nessa data, não só dentro da nossa Organização, mas, com igual intensidade, nos meios financeiros, securitários e sociais da metrópole, onde é figura de relevo e de largo prestígio.

Ao Donald de Azambuja Lowndes, pois, nossos votos de felicidade, que vão juntar-se aos muitos que recebeu de seus inúmeros amigos e admiradores, e principalmente de seus colaboradores e auxiliares, a quem seu espírito, irradiante de simpatia e dinamismo, sabe transmitir o grande entusiasmo e dedicação que sente pela obra que vem realizando no seu setor de atividade.

John H. Lowndes

É uma característica do mais jovem dos Lowndes a sua maneira franca de falar e o seu proverbial bom humor. Mencionar o nome de John Lowndes é evocar uma fisionomia sorridente e simpática. Se a Vivian Lowndes teve a tarefa de fazer um nome e estabelecer a base desta próspera organização, se a Donald Lowndes teve a não menos difícil tarefa de construir toda esta estrutura que compreende doze empresas comerciais, a John Lowndes, certamente, cabe o árduo encargo, nos tempos que correm, de saber que recebeu dos seus antecessores. Nele repousa toda a nossa esperança. Ao registrarmos a passagem da data de nascimento de John Lowndes, em 24 de dezembro, cabe-nos, portanto, desejar um próspero e feliz futuro e que a esperança dos membros da Organização Lowndes se torne realidade.

Cmt. Miguel Magaldi

Aniversariou no dia 22 de outubro, o nosso amigo Cmt. Magaldi, alto funcionário da Comércio Indústria Induco S. A… companhia vinculada à nossa Organização.

O “Noticiário Lowndes” apresenta cumprimentos.

Bodas De Prata

Rodrigues Peçanha, pais do nosso prezado colega Lucilio Rodrigues Peçanha, funcionário da Lowndes & Sons Ltda., nossa esperança. Ao registrarmos a passagem da data natalícia de John Lowndes, no dia 24 de dezembro, cumpre-nos, pois, lhe almejar um faustoso e feliz futuro e que se transforme em realidade a esperança dos componentes da Organização Lowndes.

Motivou a festividade a passagem do 250º aniversário de casamento do distinto casal que, nessa data, teve oportunidade de ver quanto é estimado, recebendo gerais homenagens de seus inúmeros parentes e amigos.


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Receitas Do Trimestre

Abrimos desta vez a nossa secção de cozinha evocando a arte culinária dos romanos. Socorremo-nos, para isso, de um curioso artigo de Eça de Queiroz, sob o título de “Cozinha Arqueológica” (em “Notas Contemporâneas”) onde o grande escritor transcreve algumas receitas veneráveis, chegadas até nós através de velhos livros clássicos, e onde se pode notar os requintes a que esse povo tinha chegado também em matéria culinária.

Catillus Ornatus

O “Catillus Ornatus” segundo Eça, é uma espécie de bolo, prato ligeiro para festim ligeiro, receita de Crysipus. Eis como o ilustre autor de “A Relíquia” prescreve o “Catillus”:

“Tomai duas ou três alfaces, bem repolhudas. Lavai e enxugai. Deitai vinho dentro de um largo almofariz, e pisai, mortificai nele as folhas de alface. Passai por um ralo para que todo o líquido se escoe; e à alface assim machucada no vinho, juntai farinha de trigo, uma pouca de manteiga e pimenta. Pisai de novo, até obterdes uma massa firme. Dai a esta massa a forma de um bolo chato e redondo. Colocai-o na frigideira com azeite, e frigi em um lume vivo. Toda a antiguidade considerou este bolo uma delícia, chamava-se “Catillus Ornatus”. Não sei se gostareis. Era um prato dileto de Pompeu”.

Arroz de Forno à Paulista

Da velha Roma façamos um salto no espaço e no tempo e cheguemos a São Paulo. Aí vai um prato paulista, receita da Sra. Prof. D. Ema Cerqueira Jordão, em seu “apetitoso” livro “Culinária Moderna”:

“Deite a cozinhar, com todo o tempero, 400 grs. de arroz, com 4 xícaras de água. Unte uma forma com manteiga, forre com uma camada de arroz, polvilhe com queijo ralado. Deite uma camada de cenouras cortadas em rodelas e refogadas, outra de presunto defumado e outra de arroz. Por cima deste, uma camada de linguiça picada em pedacinhos. rodelas de ovos cozidos, e azeitonas sem caroços. Cubra com arroz e pincele com gema de ovo, misturada com um pouco de leite e manteiga. Enfeite com azeitonas e leve ao forno lento para alourar. Quando pronto, tire da forma. Sirva quente”.

Tournedos Manon

Ainda da autora acima citada, do mesmo livro, transcrevemos a seguinte receita :

“Corte 8 bifes a um “filet mignon”. Corte 8 rodelas de um pão de forma, maiores do que os bifes, e que sejam fritas em manteiga. Arrume cada bife numa rodela de pão frito, sobre o bife uma rodela de tomate, também frito em manteiga, e, em cima do tomate, uma ameixa preto recheada de “foie gras”. Regue com molho e sirva”.

Bolo Grego

Já que abrimos com um prato romano que nos seja permitido fechar com o “bolo grego”, que aliás não garantimos ser uma receita autêntica da Grécia clássica, onde, segundo parece, a cozinha alcançou as mesmas proporções sublimes da filosofia e das artes. Este bolo grego é também tomado de empréstimo à prof. Ema Cerqueira Jordão. Ei-lo:

2 xícaras de farinha de trigo
1 xícara de leite
1 xícara de açúcar
1 xícara de nozes picadas miúdo
1 xícara de passas
1 colher de fermento
3 ovos

Modo de preparar: Bata bem as gemas com o açúcar, junte-lhe a farinha peneirada com o fermento, ponha o leite e por último as claras bem batidas. Depois de bem batido, ponha as nozes e as passas. Fôrma untada com manteiga.


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As Garotas da Organização Lowndes

Ecos do Grande Jogo de Futebol Diário. Qualquer Semelhança…

Que elas são “fans” do futebol e que fazem um joguinho hábil, e às vezes violento, à sua moda, não temos dúvida alguma… E nesse jogo vale tudo: um sorriso significativo, um olhar brejeiro, um penteado de grande efeito à la Hollywood, um vestido que dá mais realce aos encantos, um perfume que faz sonhar, enfim, todos os ardis que a mulher, desde séculos, sabe armar à ingenuidade dos homens, todos eles derivados dos que a serpente ensinou à venerável mamãe Eva naquelas semanas de residência no Paraíso, de onde ela saiu por moto próprio, aborrecida por não haver lá costureira, e não expulsa pelo arcanjo, como as más línguas fizeram acreditar aos compiladores da Bíblia.

As Garotas O. L. formam um time sui generis (desculpem o latim) misto de comerciárias e seguradoras (oh! palavra bárbara!). É “coach” do time o “seu” Carneiro, também conhecido pelo nome mais extenso e conspícuo de Nestor Ribas. Carneiro, que trata suas pupilas, às vezes come as pupilas dos seus olhos e outras vezes com a rígida disciplina da casa, e assim as vai treinando para as árduas pugnas da vida.

O TRIANGULO FINAL: Arminda, Olga e May

Para os leitores que ainda não tiveram ocasião de apreciar o jogo das Garotas O. L., vamos em seguida reconstituir a descrição de um encontro irradiado pela famosa P. R. A. Bessa (Estação Telespeaker S/208) na palavra “indescritível” de Alvaro Comunale, misteriosamente (1) afamado locutor esportivo e, nas horas vagas, caixa de Lowndes & Sons Ltda., seguros.

Foi juiz dessa partida o sr. Mario Bastos, aclamado jurisconsulto em fisiologia cardíaca, que se apresentou munido de um histórico binóculo “tomado” do Comandante Clovis, emprestado a longo prazo sem fiador. A propósito da “tomada” desse binóculo dizem à boca pequena que o supracitado Comandante Clovis, que ficou a bordo dos navios, já mandou debitá-lo em Despesas Gerais, para ser rateado entre todas as companhias da Organização.

Para o posto de bandeirinha se embandeirou logo o Cav. Uf. Israel, que nos momentos críticos olhava por um óculo de longo alcance, herdado de um parente distante que gostava de ver de perto as coristas de um teatrinho ambulante que dava espetáculos nas imediações da Biblioteca Nacional.

O Jogo: Iniciando a irradiação, o apreciado locutor pronunciou com sua voz de melancia (por ser grande, doce e molhada) estas sacramentais e históricas (não confundir com histéricas) palavras: 

— Prezados ouvintes: Boa noite! Fala a Rádio P.R.A. Bessa… Retifico: Bom dia!… É que o céu está carregado e os horizontes turvos, de modo que a confusão é fatal… mas, como ia dizendo, fala a Emissora P.R.A. Bessa, Estação Telespeaker S/208 do Rio de Janeiro, em onda de 0,000000001, em cadeia com a possante Emissora Telespeaker S.O.B.R.E. Loja. Ao microfone o locutor Álvaro Comunale…

— Prezados ouvintes, são exatamente 8h30 pelo nosso cronoscópio para-cheques, anti-asma, à prova de banho-maria, marca Estrada de Ferro, o relógio que falha sempre nas grandes ocasiões e é vendido sem garantia por toda a vida… Entraram no gramado as 11 componentes do invicto conjunto “Garotas O. L.”. O time alinha-se em campo. E que alinhadas são!… Está assim constituído: Olga, Arminda e May, o trio final. Lia, Helena e Myriam, integrando a linha média. No ataque, o quinteto ultrarrápido Jacintha, Nelly, Diva, M. Maturo e Heny.

Atenção! Vai ter início o prélio. O cronometrista apertou o botão da campainha, o juiz alçou o binóculo, trilou o apito, o público afasta-se, temeroso, do corredor (perdão do gramado). Jacintha, tirando os óculos e pondo a descoberto aqueles olhos sonhadores que parecem ausentes, divagando pelos astros em busca do “tal” (sem alusão ao sabonete vermelhinho), investe com decisão. Escapa pela extrema, dribla presentes e ausentes e numa arrancada homérica, com os cabelos de ouro (legítimo, 24 quilates) agitados e perfumosos, aproxima-se da meta a 80 à hora. Fecha sobre o “goal”. Finta o “half”, adianta a bola… O “back” contrário vai rebater… Mas Jacintha torna a dominar o balão e desembaraça-se do “back”. Está só em frente ao “goal”. Vai “shootar”… “Shootou”. “Goal”! “Goal”!! Jacintha acaba de marcar o primeiro “goal”, arrebentando todos cartões do Relógio. Ponto!

Vai ser dada nova saída. O time está desfalcado de Jacintha, que se retira para o 100º andar… (Não faz por menos!) Dival passa para Nelly. Esta cruza para a esquerda e entrega a Heny.

Corre Heny, perseguida pelo “half”, mas perde a pelota; torna a dominá-la e corre para o “aquário”, conseguindo fazer seu “goalzinho” no vovô Souza, convencendo-o de que o relógio dele está adiantado, não explicando, porém, que deixara na calçada um “peixinho” em cuja companhia gostaria de ficar o dia inteiro.

A pelota volta a se movimentar. Diva passa para M. Maturo, que perde para o “zagueiro”. Ele estende para a ponta, mas Lia intercepta de cabeça. Alta e sempre sorridente, o lateral direito das Garotas O. L. chama a atenção pela elegância de seu jogo. Toda a linha se desloca para a frente, aguardando o passe de Lia, que se prepara para sua investida com toda uma técnica “cinematográfica” (Não adianta ver, pois ainda não está no dicionário). A torcida se levanta, cheia de expectativa. O time adversário recua. Mas… Atenção, ouvintes. Algo aconteceu. Vamos pedir o binóculo ao bandeirinha para ver o que está acontecendo com Lia… Ela desistiu da investida e voltou à posição anterior. P. R. A. Bessa narra o jogo das Garotas O. L. sob o iminente patrocínio das Companhias de Seguros Sagres, Cruzeiro do Sul, Imperial, London & Lancashire e London Assurance, etc. Caro ouvinte, lembre-se que o seguro morreu de velho. Não espere que as barbas do vizinho peguem fogo para então molhar as suas.

O time está parado em campo. O ataque de Lia não deu certo. Ela, que parecia estar indo direto para o gol (Hollywood), por motivos que nossa reportagem ainda não apurou, resolveu adiar a viagem sine die (Cinédia, talvez) e, por isso, não fez seu “golzinho”. Corre por aí que ela vai se dedicar de corpo e alma (?) ao vôlei. A partida continua. Nelly está com a bola (salve-se quem puder). Silhueta gentil, que as colegas mais magrinhas invejam um pouquinho, mas ela não liga, avança com jeito em direção à sala do técnico Ribas Carneiro, com um grande maço de apólices. Ele, apavorado, reclama. Parece que vai rebater a bola. Há uma grande expectativa. A torcida está em suspense!… Gol! Gol de Nelly! Gol!!! Nelly consegue deixar na mesa farta do técnico 100, 100, caros ouvintes, 100 apólices de seguros para assinar. Acaba de terminar o primeiro tempo, com a vantagem das Garotas O. L. por 3 x 0.

Ouvintes, atenção. Não interrompemos a transmissão no intervalo do jogo, pois a “inana” prossegue no corredor. M. Maturo, que jogou o primeiro tempo no ataque sem aparecer, passa para a “defesa” e pratica uma façanha incrível: vender dezenas de sanduíches e coca-colas para as colegas formadas em fila, fazendo assim seu “gol”… contra o Bar Imprensa.

Segundo tempo (quente) P. R.A. Bessa irradia o jogo Garotas x Lowndes & Sons Ltd. Acabam de entrar no gramado os dois times para o tempo final. A bola é movimentada. Myriam manda para a frente. Diva tenta escapar, mas passa para Heny, sua companheira do “aquário”, jogadora de sua força. Heny devolve a Diva e essa incursão firme rabiscando cadernos, escrevendo cartas, arquivando corações (perdão: documentos). Avança em prisa direta sobre o escritório do simpático John Lowndes para marcar seu “golzinho”. O “gol” está vazio! Diva prepara-se para “chutar”. Molha o dedo em saliva e passa nas sobrancelhas. Empunha o lápis com decisão! Ajeita a bola! Vai chutar… O juiz acaba de apitar “impedimento”, anulando a escapada de Diva!

Prezados ouvintes: espetacular escapada do centroavante Diva anulada por “impedimento”. Max, parece que o juiz está divagando. Vamos averiguar com o nosso binóculo ultra-rápido… Entra a bola novamente em jogo. Jacintha tenta passar para Helena, mas a bola vai para fora. M. Maturo bate o “out-side”. Passa para Myriam, esta para Helena, que se infiltra no campo inimigo, carregando um sortimento descomunal de correspondência em todas as línguas imagináveis. Avança essa torre de Babel, que vai fazendo gols em todos os departamentos, deixando uma multidão de cartas. Em cada uma são reclamações de locatários pedindo providências sobre a cachorrinha do vizinho, ingênuos procurando apartamentos vagos, cavalheiros imaculados pedindo autorização para sublocar seus apartamentos pelo triplo, comunicações de agentes do interior e do estrangeiro e outras calamidades menores. Em menos de 5 minutos, Helena faz 10 gols.

Prossegue o prélio com as Garotas no ataque. Myriam escapa pelo centro do campo. Perde para o meio-campista. Este passa para a extrema direita, que escapa e centra. A bola cai em frente ao gol das Garotas e Armando, entrando, marca o primeiro gol para suas cores!

Novamente a bola no centro do campo. Myriam passa para a meia-direita. Esta estende para Arminda, que tenta driblar Mathusalem. Arminda investe sobre ele, carregada de resmas de papel, envelopes, lápis sem ponta e outras bugigangas existentes em certa papelaria. O duelo é brabo, mas Mathusalem, com seus muitos séculos de experiência, resiste, impávido e sereno, gritando em bom tupi-guarani: “On ne passe pas” – e Arminda não passou mesmo.

Volta o balão ao centro do campo. Nelly controla mas perde para Armando. Este tenta adiantar-se mas leva o contra de… (cortado pela censura). A bola vai aos pés de May, que exibe uma formosa “may…estria no jogo. Avançando pela ala, dribla com elegância espetacular. Suas poses e suas letras fazem lembrar Leonidas. A assistência pasma, boquiabrir-se num oh! de admiração em lá maior. As tábuas de uma arquibancada estalam de aplauso e até o Mario Muto, deixa de ser “muto”, e fala e grita de entusiasmo! Prezados ouvintes: pelo meu infatigável cronômetro, Estrada de Ferro faltam mais ou menos exatamente 15 minutos para terminar a pugna. O campo é um pandemônio! Papéis voam pelos ares como projéteis ultrassônicos! Bolsas femininas abrem-se com fragor, mãos nervosas sacam (à vista sem desconto) “batons”, compactos, “rímels”, “rouges” e outros ingredientes menos votados para os reparos rápidos das fachadas.

– Gentil ouvinte, para seus lábios encantadores use batom automático “Cenoura” – o batom que contém vitaminas e pinta o sete por si mesmo sem você precisar interromper seu trabalho. Batom C-e-n-o-u-r-a!

Falta apenas um minuto para terminar. Avança o time contrário. Armando vai atirar a “gol”. Terrível “chute” de Armando, que Olga defende em espetacular mergulho. A torcida aplaude, verbosa e esdrúxula como uma apólice de seguro. Olga nem parecia estar pisando o gramado, mas sim mergulhando com harmonia nas águas cloróticas da piscina do Botafogo.

Terminou o jogo. 17.3/4 x 1 foi o placar a favor das Garotas O. L.

Fala P.R.A. Bessa, Estação S/208. Está terminada a nossa irradiação, que foi patrocinada pelas Cias. de Seguros da Organização Lowndes. E agora cante conosco:

Na terra ou no mar,
No claro ou no escuro,
Não esqueça o seguro
Não deixe para logo;
Que a previdência
É tal qual o mate:
No frio ou no quente,
Só faz bem à gente.

Não espere, oh não espere!
De ver, alarmado,
As barbas garbosas,
Do vizinho, a arder.
Não vá se esquecer,
Não vá protelar;
As suas de molho,
(Mesmo que as não tenha)
Corra a colocar!

E mais não disse nem lhe foi perguntado.
Pela veracidade.

SIRI-GAITA 

(1) Misteriosamente, porque ninguém sabe disso.


IN MEMORIAM

Senhorita Nicéa Soares Trigas

E com o mais profundo pesar que registramos o falecimento da Srta. Nicéa Soares Trigas, auxiliar de escritório do Departamento de Produção, fato ocorrido em 8 de outubro.
O passamento da Srta. Nicéa verificou-se em circunstâncias inesperadas, em virtude de súbita moléstia, sendo muito sentido por seus colegas de trabalho onde era muito estimada, em razão de seus dotes de educação e fino trato.

A família enlutada “Noticiário Lowndes” envia os seus pêsames.


MATÉRIA

PIADAS DO Z. K.


BOA RAZÃO

A jovem que acabava de cursar piano pergunta ao professor:

– Queria colocar sobre o meu piano o busto de um dos grandes mestres… Qual me aconselha?
– O de Beethoven.
– De Beethoven ?… Porque?
– Porque era surdo.


A CULPA NÃO ERA DELE

– Homem, há 20 anos que sou juiz nesta comarca e você constantemente me é trazido para o julgar pelas suas falcatruas… Que alega desta vez em sua defesa?
– Perdão Sr. Juiz: eu não tenho culpa de o não terem promovido a desembargador.


NÃO É BEM ISSO

Espantado pelo preço exorbitante que o hoteleiro lhe cobrara por meio frango assado, o turista pergunta-lhe:

– Por aqui também há escassez de frangos?
– Não cavalheiro… O que escasseia são os turistas.


VENENO DE EVA

Advertida pelo médico de que estava em perigo de morte porque tinha sido mordida por um cão hidrófobo e fora socorrida muito tarde, e portanto, podia tratar de fazer o testamento, a dama pega num papel e desata a escrever. A alturas tantas o facultativo pergunta:

– Pelo visto o seu testamento é longo….
– Testamento?… Quem lhe disse que era testamento?… O que eu estou é fazendo uma lista de amigas a quem vou morder.


PIADA

Há nomes que estão mesmo a calhar para certas profissões. Está no caso o Sr. Augusto Brandão Alegre, fabricante de champanhe, em Anadia. Portugal, que, segundo os jornais do dia 24 de outubro, veio ao Brasil! em viagem de recreio. E que tenha um alegre recreio é o que desejamos ao Sr. Brandão Alegre, longe da sua fábrica.


CRIME NÃO É…

O veranista — Diga-me, meu amigo, este lago é particular?
O da terra — É sim, senhor.
O veranista. — Então será crime pescar aqui peixe…
O da terra — Crime não é… mas milagre posso-lhe garantir que será.


OSSOS DO OFÍCIO

– Imagina tu que a noite passada um ladrão entrou em minha casa.
– E levou-te alguma coisa?
– Se levou… Levou uma tremenda surra de minha mulher… Ela pensou que fosse eu que estava chegando.


NÃO É VANTAGEM

– Eu e minha mulher nascemos no mesmo dia… Curiosa coincidência, não?

– Ora, isso não é vantagem… Eu e minha mulher também foi no mesmo dia que nos casamos.


ANEDOTA DO TRIMESTRE

Um velho coronel inglês, há muito aposentado, estava em certo clube de Londres, sentado em sua habitual cadeira, ouvindo com crescente irritação um grupo de pilotos da RAF que, ao seu lado, comentavam suas experiências na guerra. A certa altura, sem poder conter-se, interrompe-os:

– Tudo isso está muito bonito, mas a vossa guerra é criança de peito ao lado da guerra dos Boers. Era o sol fervendo-nos os miolos, a areia queimando-nos os pés e o inimigo dia e noite nos atacando. Num só dia tive um choque em corpo a corpo com 10 inimigos. Matei 8, mas os outros dois cravaram-me uma lança no peito e espetaram-me numa árvore. Fiquei ali pendurado três dias.
– Por Deus, coronel – interrompe um dos tenentes – deve ter sofrido dores horríveis!
– Nem tanto – remata o coronel com toda a naturalidade. Nem tanto; só quando eu ria. 


APROVEITANDO A ABERTURA

Num recital de beneficência um poetastro mediocre estava recitando um poema em que descrevia uma tempestade no mar. O auditório bocejava, aborrecido. No momento em que o autor chegava ao ponto em que os ventos amainavam, a chuva cessava e os trovões se iam afastando, um dos espectadores, sai-se com esta:

– Bem… Então com licença… Aproveite a aberta para me safar. 


VITÓRIA CANINA

Entre amadores de cachorros.

-O “Nero”, aquele meu policial belga, sabes, pegou o primeiro prémio num concurso de gatos.
– Num concurso de gatos?
– Sim, homem… Pegou o gato premiado em primeiro lugar.


RAZÃO MUITA SÉRIA

– Mas como é que foste casar com essa pequena?… Não é rica, nem bonita, nem sequer inteligente…
– Que queres?… Quando a conheci estava constipada… e espirrava com tanta graça!


PENSAMENTOS

Desejaria que a felicidade fosse uma coisa silenciosa, muito quieta e calada. A mim ela tem falado sempre, mas para dizer somente :- “Até logo!!!”
— Franklin de Oliveira


SINAL DOS TEMPOS

Ela indignada: Patife… quatro bofetadas! Antigamente só me davas duas…

Ele, filosoficamente: Que queres, filha; agora tudo está aumentando.


MATÉRIA

A Benéfica Influência dos Homens Esclarecidos na Difusão dos Excelentes Planos da Cruzeiro do Sul Capitalização S. A.

A carta que publicamos abaixo ilustra de maneira expressiva o valor que pode representar, para o bem-estar das populações laboriosas, o exemplo e a opinião dos homens de comando e de visão, quando animados por espírito objetivo, progressista e judicioso.

“Minas do Butiá, 23 de agosto de 1947.

Prezado Amigo Dr. Roberto,

Tenho a satisfação de informar a V. S. que na campanha de lançamento de títulos da “CRUZEIRO DO SUL CAPITALIZAÇÃO” colocamos em Butiá, em 3 dias, entre os engenheiros, encarregados de serviços e comerciantes, títulos no valor total de 3.000.000 de cruzeiros.
Alcançamos esta cifra fazendo 3 reuniões à noite, no “Senai”, em que dei uma ampla explicação das bases e fins dos títulos de capitalização, convidando, a seguir, os presentes a tomarem títulos.

O número alcançado é invejável, pois Butiá é atualmente a campeã do Brasil. Devemos este resultado à pessoa de V. S., pois sem a nomeação do seu nome entre os dos Diretores da “Cruzeiro” pouco teríamos feito. Todos os amigos de Butiá sabem quanto V. S. quer a este lugar e à sua gente boa, e que não recomendaria os títulos, se não se tratasse de um bom emprego de economias. A V. S., portanto, deve a Organização Lowndes mais uma vitória.

Já temos títulos tratados no valor aproximado de 400.000 cruzeiros, que vamos lançar no mês vindouro.

Penso continuar na campanha com reuniões mensais no “Senai” e trabalho de 3 ou 4 corretores na praça.

A colocação de títulos de capitalização poderá, em breve, ser um ótimo argumento a favor dos salários pagos pela Mina, pois poderemos provar que em Butiá só não economiza quem não quer.

O Afonso fez o pedido dos títulos hoje, pelo fone, à agência da “Cruzeiro” em Porto Alegre, tendo o agente informado que não estava preparado para atender à encomenda, pelo que vai mandar buscar de avião, do Rio, de modo a podermos entregá-los aos portadores, de uma só vez, numa reunião que pretendemos fazer no Clube Butiá, no dia 27 ou 28 deste mês. Assim, estes títulos já poderão concorrer ao sorteio do dia 30.

Tomo a liberdade de informar a V. S. que a subscrição foi a mais liberal possível, havendo diversos casos em que tive que aconselhar empregados nossos a reduzirem o valor dos títulos, tendo em vista que ninguém deve apertar o seu orçamento para meter-se em capitalização. A coisa correu como uma brincadeira entre os nossos amigos e V. S., como brincadeira, poderá agora dizer ao Sr. Donald Lowndes que Butiá “quebrou a agência da “Cruzeiro” em Porto Alegre, obrigando-a a recorrer ao Rio.

Peço aceitar um grande e afetuoso abraço do auxiliar e amigo,

(a) F. LACOURT”

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Lowndes

Administradora Condomonial no Rio de Janeiro

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